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A mobilização promovida por jornais e associações criou um ambiente favorável à criação de uma entidade negra nacional nos moldes dos partidos políticos e com pretensões eleitorais. A Frente
Negra Brasileira (FNB) foi fundada com esse propósito na rua
Liberdade, na capital paulista, em 1931, e daí se espalhou pelo país. Para Francisco Lucrécio, Dr. Guaraná de Santana, Arlindo
Veiga da Costa, Raul Joviano do Amaral, José Correia Leite e outros tantos fundadores, aquele seria o “reduto de combate e de organização” da comunidade negra. Eles julgavam que a organização de uma grande associação era a mais eficaz forma de luta contra o “preconceito de cor” que barrava a ascensão social e econômica dos negros. Apesar de inicialmente a FNB se dedicar, sobretudo, às mesmas atividades educacionais, esportivas e sociais de outras associações negras, logo ela evoluiu para a luta política.
A Frente muitas vezes atuou como uma espécie de central sindical de trabalhadores negros. Assegurar o lugar destes no mercado de trabalho com garantias legais era a principal meta da FNB.
Uma das reivindicações ao governo de Getúlio Vargas era o fim da imigração européia. Era preciso “trancar as portas do Brasil” aos estrangeiros, diziam seus dirigentes, para que os trabalhadores nacionais tivessem mais oportunidades de emprego. A FNB também se ocupava da mediação entre empregadores e trabalhadores domésti-
“A Frente Negra sempre achou que a luta do negro deveria partir da educação, então ela se preocupou muito em criar os departamentos esportivo, educacional, social, assistencial, e tinha também o departamento de imprensa e biblioteca. Todos giravam em torno da Frente Negra, inclusive as escolas de alfabetização
[...], conseguimos do estado quatro professoras[...].
Depois, mais tarde foi que enveredou para a política”.
Depoimento do Sr. Francisco Lucrécio, um dos fundadores da FNB.
Uma história do negro no Brasil 265 cos e operários,