Silvia Friedman quando se trata do homem, no h fenmenos a serem descritos e explicados para sua futura preveno e conteno ou modificao, o que h so acontecimentos, fatos que nos afetam e cuja descrio est caucionada por esta afetao, fatos que encontram sentido no sujeito mesmo que os encena. Palladino1 Introduo Este captulo inicia-se com uma reflexo sobre o ponto de vista a partir do qual se pretende abordar a fluncia da fala e, com base nisso, segue com consideraes sobre os problemas da fluncia e de sua abordagem teraputica. Para definir o ponto de vista que nortear o modo de abordar a fluncia assume-se, em primeiro lugar, que a fluncia um acontecimento complexo. um acontecimento porque, diferentemente do que se entende por fenmeno, no pode ser circunscrito e explicado dentro de limites fixos e estanques, que sempre se repetem e complexo porque, quando se efetua, tem lugar a partir da interao de no mnimo trs dimenses. Essas dimenses so orgnica (condies biolgicas da pessoa) psquica (condies subjetivas da pessoa) e social (a cultura, com suas tradies, costumes, mitos e ideologias que envolvem e afetam a pessoa). Tomando como ponto de referncia a pessoa, os dois primeiros fatores podem ser chamados internos e o terceiro, externo. Assim, prope-se que a fluncia de fala seja um acontecimento que, para ser abordado em sua complexidade, deve ser considerado a partir da dialtica entre o interno e o externo. Antes de prosseguir com essa linha de anlise, considera-se que, ao anunci-la, fica implcito o fato de que existem outras maneiras de abordar a fluncia. Nesse sentido, h basicamente duas a contextualizada, que ser assumida neste captulo, e a descontextualizada. As noes de contextualizao e descontextualizao se referem a princpios norteadores da produo do conhecimento cientfico e aos dois modelos bsicos de produo de conhecimento, at o momento identificados em nossa cultura pelos epistemlogos. Como explica Demo2, na vertente descontextualizada, o princpio norteador da