fluxos migratorios brasil e no mundo
Antigamente não havia noite. Era sempre dia. O Sol brilhava esquentando a Terra. A Lua e as estrelas eram como o Sol. Tudo era luz e claridade na aldeia e sua floresta. Os homens caçavam sem cessar e as mulheres trabalhavam sem descanso, pois era sempre dia, noite não havia. O Sol fazia seu percurso até o poente para então retornar pelo caminho inverso de volta ao nascente. Mauá controlava o Sol, a Lua e as estrelas, não permitindo que ninguém deles se aproximasse. Certa vez um homem quis saber como o Sol funcionava. Esperou que Mauá saísse para caçar e aproximou-se do Sol. Ao tocá-lo, o Sol quebrou, o mesmo acontecendo com a Lua e as estrelas. E a noite surgiu engolindo tudo. Os homens que caçavam na mata ficaram perdidos na imensidão do escuro. As mulheres mal conseguiam encontrar suas redes dentro da maloca. Crianças e idosos lamentavam-se do fundo da noite sem luz. Mauá voltou para consertar o Sol. Ao ver o homem que o havia quebrado, Mauá lançou-se sobre ele e o atirou longe. Quando caiu, o homem transformou-se no macaquinho mão-de-ouro, escuro como a noite e com as mãos douradas como o Sol que havia tocado. Não foi possível consertar o Sol para que funcionasse como antes. Ele caminhava para o poente mas não conseguia retornar, sumindo no horizonte e deixando a Terra na escuridão. Mauá então fez com que a Lua e as estrelas surgissem na ausência do Sol para iluminar um pouco a noite. E é assim até hoje. Mauá é um ser criador que cuida dos elementos da Natureza; é o guardião da Vida.
Lenda dos índios Walmiri-atroari, Amazonas e Roraima