Florbela Espanca
CAMPUS GARANHUNS
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS E SUAS LITERATURAS - 8° PERÍODO
ANÁLISE DO POEMA “EU” – FLORBELA ESPANCA
O poema “Eu” de Florbela Espanca, pertence a seu Livro de Mágoas, escrito em 1919. O poema demonstra principalmente a definição que Florbela tem de si mesma diante do mundo que a cerca, dotado de sentimentos, questionamentos da própria poetisa, envolvendo temas como: morte, amor, destino, solidão, dor, tristeza e inquietações da alma.
O poema é um soneto, seguindo assim sua estrutura normal que é composta por quatro estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos, apresenta versos decassílabos regulares, ou seja, dez sílabas métricas, com rimas ABBA - ABBA - CDC - DCD. Nos quartetos a rima é oposta em A e emparelhada em B, nos tercetos as rimas são cruzadas em C no primeiro terceto e cruzadas em D no segundo terceto. Todo o poema é constituído de rimas consoantes, ou seja, a correspondência de sons a partir da ultima silaba tônica é total. Neste poema há a presença de vários recursos expressivos, tais como, a metáfora, anáfora, paralelismo, hipérbole e adjetivação.
No primeiro quarteto, nos dois primeiros versos: “Eu sou a que no mundo anda perdida, / Eu sou a que na vida não tem norte”, encontramos temas que remetem a sua condição no mundo e da incerteza do destino que a mesma ira trilhar ao declarar não ter norte, ou seja, não tem um rumo certo a seguir em sua vida. Há trechos em que fica evidente a intencionalidade de demonstrar suas inquietações, o que nos remete a acontecimentos de sua vida pessoal, como o fato de ter perdido a mãe muito cedo, de não conseguir ter filhos e a busca incessante do amor e da felicidade.
Nos dois últimos versos do quarteto, tem-se a presença do sonho e ao mesmo tempo da dor, quando diz: “Sou a irmã do Sonho, e desta sorte / Sou a crucificada... a dolorida...”, esse trecho remete a sua alta capacidade de sonhar e por tal motivo ser considerada uma mulher diferente