florbela espanca
Florbela Espanca foi uma poetisa portuguesa, nasceu em Vila Viçosa a 8 de Dezembro de 1894 e morreu em Matosinhos em 1930.
A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora agitada, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a poetisa soube transformar em poesia da mais alta qualidade.
Poema
Desejo
Quero-te ao pé de mim na hora de morrer,
Quero, ao partir, levar-te, todo suavidade,
Ó doce olhar de sonho, ó vida dum viver
Amortalhado sempre à luz duma saudade!
Quero-te junto a mim quando meu rosto branco
Se ungir da palidez sinistra do não ser,
E quero ainda, amor, no meu supremo arranco
Sentir junto ao meu seio teu coração bater!
Que seja a tua mão branda como a neve
Que feche meu olhar numa carícia leve
Num perpassar de pétalas de lis...
Que seja a tua boca rubra como o sangue
Que feche a minha boca, a minha boca exangue!
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Ah, venha a morte já que eu morrerei feliz! ...
Explicitação do poema Neste poema, o eu poético faz uma declaração de amor, mesmo nas suas ultimas horas de vida, faz como que um adeus ao seu amado.
O sujeito poético, com o amante a seu lado não tem medo de morrer, pois morre feliz, como se não houvesse nada mais importante do que a presença do apaixonado.
No poema podemos fazer o levantamento de algumas palavras e expressões como por exemplo “morrer”, “partir”, “palidez sinistra”, ”morte”, “morrerei”, “rosto branco”, “supremo arranco”.
Recursos expressivos
Anáfora
Ex: “ Quero-te ao pé de mim na hora de morrer, /Quero ao partir, levar-te, todo suavidade (…)/ Quero-te junto a mim (…)” Comparação Ex: “ Que seja a tua mão branda como a neve(…)” “ Que seja a tua boca rubra como sangue (…)”
Eufemismo
Ex: “Quero-te junto a mim quando meu rosto branco
Se ungir da palidez sinistra do não ser, “
Apóstrofe
Ex: “Ó doce olhar de sonho, ó vida dum viver”
Esquema rimático
1ª estrofe: abab - Rima cruzada;