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C A R M O F E R RE I R A
O INTERESSE DA ÉTICA
XIX ENCONTRO DE FILOSOFIA 10 e 11 de Fevereiro de 2005 Coimbra
2 O interesse da Ética
O tema proposto com o presente título encerra um duplo genitivo, subjectivo e objectivo: Duplo sentido que veicula uma tese a defender: a convergência das duas perspectivas implicadas: A Ética é objecto de interesse quando e apenas se o interesse é objecto da Ética. 1. Porque interessa a Ética? A recorrente invocação da Ética nos debates actuais na esfera pública pode aparecer como um último recurso para estabelecer uma derradeira instância de justificação de atitudes e de aferição de razões de admissibilidade de condutas, no contexto de uma experiência difusa de desintegração, de uma fragilização extrema dos argumentos, de uma vulnerabilidade essencial das convicções. A perplexidade crescente, porém, afecta a própria posição da exigência ética. “ Tudo é nevoeiro “ é uma imagem apropriada para circunscrever o presente estado de indefinição no domínio das motivações da acção, como expressivamente Fernando Pessoa lhe deu voz na Mensagem: Ninguém sabe que coisa quer Ninguém conhece que alma tem Nem o que é mal nem o que é bem [ ... ] Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro A situação vivida tem efectivamente como parâmetros a visível“ desautorização “ das autoridades morais “; a continuada crise dos fundamentos; o permanente conflito das interpretações; a pluralidade irredutível dos elementos contemporâneos em que se procura radicar a legitimação de um imperativo ético. 2. Porque interessa o ético? Magna questão de muitos modos formulada: Que torna preferível a paz à violência? A liberdade à servidão? O que é justo ao que é injusto? A ciência à ignorância? A veracidade à dissimulação? A honestidade à corrupção? A vida à morte? O ser ao não ser? Ou não?
3 Porquê o confronto com a alternativa? Porquê o irrecusável? Porquê o de todo inaceitável? Porquê eu e não o outro? Porquê o