Fisica Quantica
EXISTE um consenso de que a história da ciência poderia ter sido diferente, já que muitos fatores fortuitos afetam o desenvolvimento de qualquer área científica. Sendo assim, quais outras histórias de ciência teriam sido possíveis?
O historiador normalmente se afasta deste tipo de pergunta, já que não existe uma maneira direta de investigar histórias "contrafactuais", ou seja, histórias possíveis que não se realizaram. Alguns historiadores têm se dedicado a esse tipo de "história imaginária", mas o consenso na área, conforme salientado por E.H. Carr, é que tais "jogos de salão", apesar de logicamente corretos, não constituem o modo de discurso da História (ver Hawthorn, 1991: 1-9).
No entanto, a história da ciência (mais do que as histórias de outras áreas) apresenta uma forte restrição em seu desenvolvimento: os cientistas do passado trabalhavam em busca de fenômenos, leis e teorias "objetivos", que hoje nós conhecemos, mas que eles ainda não conheciam, apesar de ser justamente a busca por estas leis que dirigia seu trabalho (Hund, 1966: 23). Com a vantagem do retrospecto (hindsight), nós temos condições de avaliar o quão distantes diferentes cientistas estavam da descoberta de um novo princípio e, assim, avaliar o que poderia ter acontecido se um evento fortuito (um acidente mortal, por exemplo) tivesse impedido que um cientista (como Max Planck) descobrisse um novo princípio (a quantização da energia).
Antes de atacarmos o problema de como construir histórias contrafactuais plausíveis, examinemos qual seria a utilidade de se fazer isso. Para que histórias contrafactuais? A motivação principal é tentar reavivar a área da filosofia da ciência conhecida como "teorias de dinâmica científica", que teve seu auge na década de 70 com os debates envolvendo Kuhn, Lakatos, Laudan etc. (ver uma resenha em Laudan et al., 1993) (1). Tratava-se de uma tentativa de fazer uma "ciência da ciência". Analisaremos adiante algumas razões da