Filosofia

8837 palavras 36 páginas
EDUCAÇÃO HIGIENISTA, CONTENÇÃO SOCIAL: A ESTRATÉGIA DA LIGA BRASILEIRA DE HYGIENE MENTAL NA CRIAÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO SOB MEDIDA (1914-45) Durval Wanderbroock Junior1 Maria Lucia Boarini2 Introdução O presente estudo busca deslindar a concepção de educação da Liga Brasileira de Higiene Mental – doravante também chamada de Liga – no contexto da crise mundial que se alastrou entre os anos de 1914 a 1945. Particularmente, interessa-nos explicitar como os testes psicológicos foram utilizados pela Liga no sentido de se estabelecer essa “educação sob medida”, entendida aqui como um processo de seleção dos mais aptos e sua separação social dos inaptos como forma de garantir uma nação saudável. O período delimitado corresponde à preocupação em contextualizar o pensamento da Liga no marco das duas grandes guerras mundiais, episódios durante os quais o mundo, em geral, e o Brasil em particular, atravessaram um intenso processo de crises econômicas, sociais, militares, culturais, científicas etc. Apesar da sua dependência em relação ao capital estrangeiro, a crise aberta entre os países imperialistas alimentou os sonhos da burguesia brasileira de consolidar-se como nação desenvolvida, despertando o ufanismo e o nacionalismo entusiasmados de vários setores sociais, dentre os quais a Liga Brasileira de Higiene Mental. Concomitante ao processo de industrialização, foi surgindo a classe trabalhadora, que crescia em número, profundidade e organização política. O Estado não pretendia satisfazer todas as necessidades da população, de responder às demandas criadas pelos trabalhadores e de resolver os anseios de parte do exército, que não raro intensificava os conflitos sociais por meio de motins e revoltas. A solução para semelhante cenário estava longe de ser resolvida pelo Estado, mas nem por isso foi negligenciada por toda a sociedade. A preocupação ganhou também os congressos e as revistas especializadas de medicina. A nação não contava somente com
Autor. Mestre em Educação.

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