Filosofia
O desejo de saber, fonte das ciências.
Todo homem, diz Aristóteles, está naturalmente desejoso de saber, isto é, o desejo de saber é inato; esse desejo já se manifesta na criança pelos “porquês” e os “como” que ela não cessa de formular; é ele o princípio das ciências, cujo fim primeiro não será fornecer ao homem os meios de agir sobre a natureza, mas antes, satisfazer sua natural curiosidade.
Se o desejo de saber é assim essencial ao homem, deve ser universal no tempo e no espaço. E é isto exatamente o que nos ensina a história. Não há povo, por mais atrasado, em que não se manifeste esta tendência natural do espírito, que é, por sua vez, tão antigo quanto à humanidade.
A Filosofia é a mais alta expressão da necessidade de saber. É uma ciência, enquanto quer conhecer as coisas por suas causas. Mas, ao passo que todas as outras ciências se restringem a descobrir as causas mais imediatas, a Filosofia tem por fim descobrir as causas mais universais, isto é, as causas primeiras de todas as coisas.
O conceito antigo de Filosofia
Entre os antigos gregos, a Filosofia era a ciência universal; abrangia quase todo esse conjunto de conhecimento que agrupamos sob os nomes de ciência, de arte e de Filosofia. Esta concepção perdurou sensivelmente até a Idade Média, a partir de que as artes, e logo as ciências da natureza, se destacaram pouco a pouco da Filosofia e conquistaram sua autonomia. Esta separação é hoje um fato consumado, e existe o maior interesse em distinguir claramente estes dois gêneros de conhecimentos que chamamos científicos e filosóficos.
A Filosofia quer conhecer a natureza profunda das coisas, suas causas supremas e seus fins derradeiros: visa, propriamente, em todas as suas partes, ao conhecimento do que ultrapassa a experiência sensível (ou os fenômenos), e do que só é acessível à razão. Se, então, a Filosofia é verdadeiramente uma ciência universal, o é enquanto tende a conhecer, não tudo, como pensavam os antigos gregos,