Filosofia
Milênios antes da era cristã, quando a sobrevivência da humanidade dependia da força física do homem para caçar, para defender dos inimigos os filhos e as mulheres de sua família, tribo ou comunidade, o cotidiano era uma sucessão de aventuras perigosas. Os fenômenos naturais eram também personagens muitas vezes cruéis no dia-a-dia. Tempestades, erupções vulcânicas, secas, dilúvios, pareciam aos nossos ancestrais entidades ferozes e vingativos. Na impossibilidade de compreendê-los, os homens atribuíram dons divinos a esses fenômenos. O trovão, por exemplo, era considerado entidade divina em várias culturas primitivas, diferentes e distantes de si. Assim também o vento e o fogo. Da mesma forma que imaginamos as circunstâncias que levam uma pessoa a ter uma explosão de raiva inexplicável, os homens tentavam entender os fenômenos “explosivos” da natureza: “Por que esta tempestade? Alguma coisa desagradou a natureza. Fizemos algo errado ou deixamos de fazer alguma coisa que deveria ter sido feita? A partir do momento em que a natureza ou cada uma de suas manifestações passaram a ser consideradas entidades e temperamentais, que podiam de uma hora para outra irromper em fúria, surgem - primeiro em forma de boatos, depois como expressão da verdade – histórias sobre personalidade e os feitos, as alianças e as inimizades dessas entidades. Estas podiam se chamar, por exemplo, Tor (trovão, na língua das antigas tribos germânicas). As histórias que envolvem esses fenômenos são transcritas oralmente, de geração para geração, nesse processo são aumentadas, adaptadas, combinadas com outras, reformuladas, de acordo com a pessoa que as conta, com as línguas narradas, com os lugares em que são contadas. A essas histórias damos o nome de mitos, palavra de origem grega que significa “narrativa, história, conversa”. É por essa razão que um mito tem diferentes versões. Em todos os povos, o mito sempre teve (e ainda te em muitas culturas) um