Filosofia
Na medida em que é o destino do Homem na sua dependência relativamente ao estado da Natureza que constitui a última palavra de um interesse moral pela preservação da Natureza, a orientação antropocêntrica de toda a ética clássica continua a existir […]. Mas a nova forma de actuar do Homem não poderia significar que não é somente o ‘interesse’ do Homem que é preciso ter em conta, que o nosso dever se prolonga para lá disso e que o confinamento antropocêntrico de todas as éticas anteriores já não é válido? Pelo menos, não é absurdo perguntar se o estado da natureza não humana, a biosfera como totalidade e com as suas partes, doravante submetida ao nosso poder, está confiada à nossa guarda e nos faz um apelo ético, não somente por causa do nosso interesse futuro, mas por si e de direito próprio. Se assim fosse, isso exigiria uma remodelação profunda da nossa concepção dos fundamentos da ética.
Porque significaria que se tem de procurar, não somente o bem do homem, como o bem das coisas extra-humanas, e de se ampliar o reconhecimento de ‘fins em si’ para além da esfera humana, incluindo a preocupação com esta noção do bem do homem […]. A perspectiva científica dominante acerca da Natureza recusa-nos em absoluto o direito teórico de considerar a Natureza como uma coisa digna de respeito, tendo-a reduzido à indiferença do acaso e da necessidade e tendo-a desagregado de qualquer finalidade que seja valorizada. […]
Mesmo que a obrigação a respeito do homem continue ainda a ter um valor absoluto, ela não deixa agora de incluir a