Filosofia
“Aesthesis” significa sensação ou experiência sensível. Quando usada pela primeira vez na Grécia, sua conotação era negativa e assumia um sentido pejorativo. O que importava para os gregos era a razão, a matemática, a exatidão absoluta. Tudo que provinha do conhecimento sensível tinha sua origem no erro, na relatividade, na incerteza e, por isso, era extremamente desvalorizado, especialmente para Platão. A estética só passou a ser respeitada e estudada a fundo no século XVIII, para entender a experiência que temos diante da natureza exorbitante ou de uma bela obra de arte.
Experiência estética é, antes de tudo, uma experiência desinteressada, justamente por ser um fim em si mesmo e não um meio para se atingir algo. A arte não serve para ser vendida, não admite finalidade prática. Não vemos o Davi de Michelangelo como um utensílio para pendurarmos roupas molhadas para secar, como uma forma de nos protegermos do sol, ele está lá por estar. A obra de arte aparece como se fosse livre. Beleza é liberdade. Quando vemos uma mulher incrivelmente bela, cumprimentamo-la com os dois beijos quase que com uma reverência. O que é muito belo parece pedir cuidado. A bela obra de arte, por isso, quase chega a ser um indivíduo, um indivíduo livre.
A arte engajada torna-se o limite de tudo isso, pois ela possui um interesse na revolução. O artista não produz arte pela arte, sua pretensão é outra da de William Shakespeare, por exemplo.
A obra de arte é também a passagem do instituído (o padrão, a normalidade) para o instituinte (a inovação, a originalidade). A arte torna-se muitas vezes desagradável porque estabelece novas normas, institui novas tendências com uma espontaneidade própria, responsável por romper com tradições fortemente enraizadas. A arte produz novos sentidos, cria o novo. Justamente por isso, a história da arte é constituída por rupturas. A arte estabelece uma relação tensa com o instituído, pois apesar dela o destruir, ela e o