Filosofia
Se há um livro que marcou época, foi Crítica da Razão Pura, que Immanuel Kant publicou aos 57 anos, em 1781, quando já era catedrático em Königsberg. A cidade da Prússia Oriental, em que ele nasceu em 22 de abril de 1724, é hoje o território russo de Kaliningrado, entre a Polônia e a Lituânia.
No início, ninguém percebeu a importância da obra. Consta que o filósofo berlinense Moses Mendelssohn, que deveria escrever uma resenha, teria deixado de lado o livro, irritado com as frases difíceis de Kant. Somente seis meses depois ela foi publicada, demonstrando que Mendelssohn não havia entendido bem a obra de 856 páginas.
Com isso fica claro que Kant não é assunto para leigos e o estilo pesado de seu alemão sempre assustou potenciais leitores, além de levar tradutores à beira de um ataque de nervos.
As três questões que interessaram Kant
Talvez isso explique a demora para que a obra com implicações para a metafísica, a epistemologia e a ética tivesse o devido reconhecimento. Arthur Schopenhauer (1788-1860) referiu-se à publicação como "o livro mais importante já escrito na Europa". A modernidade na Europa laicista começa com Kant.
Sua filosofia procura resposta para três questões: O que eu posso saber? O que eu devo fazer? E o que eu posso esperar?. A cada uma ele dedicou um livro: Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica da Faculdade de Julgar, embora a questão da esperança também seja tratada em seus escritos sobre história e religião.
O conhecimento e seus limites
Só se chega ao conhecimento através da análise crítica, que brota da própria razão. Isso inverte a concepção de que objetos externos poderiam ser percebidos como tal. O conhecimento, para Kant, não é mero reflexo dos