Democracia e liberdade de expressão “A luta pelo direito à liberdade de expressão deve ser entendida sempre como uma batalha que pode ser ganha, mas nunca como uma guerra. As liberdades de expressão, de crítica, de opinião, estarão sempre ameaçadas. Por isso, não devemos cair nunca na complacência." As palavras do Prêmio Nobel de Literatura, escritor Mario Vargas Llosa, pronunciadas durante homenagem no final do ano passado, em Cádiz, no sul da Espanha, soam como uma convocação sempre atual em defesa das liberdades. Na oportunidade, Vargas Llosa recebeu o Prêmio de Defesa da Liberdade de Expressão, concedido pela Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), que representa mais de 1,7 mil emissoras nas Américas, na Europa e na Ásia. O escritor peruano exaltou a importância da democracia, da liberdade de informação e de opinião, e a diminuição da presença de ditaduras militares no continente. Mas manifestou sua apreensão com as tentativas de cerceamento à liberdade de expressão em diversos países latino-americanos. Vargas Llosa disse que devemos nos sentir “alarmados” com os retrocessos verificados em Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina. Em recente reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), representantes de 26 países apresentaram relatórios que revelam o nível crescente de violência aos quais estão submetidos os jornalistas na América Latina. A situação é preocupante também em países como Colômbia, Paraguai e México. No Brasil, destaca-se a censura judicial que o jornal O Estado de São Paulo sofre há 616 dias, impedido de informar sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal. Mas agressões a jornalistas e ataques a veículos de comunicação são freqüentes: este mês, por exemplo, uma equipe da TV Liberal, de Belém do Pará, foi detida pela polícia quando realizava uma reportagem sobre mau atendimento de saúde, e um jornalista que cobria fatos policiais foi assassinado em Pernambuco. Na Argentina, no começo do