filosofia
Filosofia: razão e modernidade
A ÁRVORE SEM RAÍZES
UMA APOLOGIA DA TÉCNICA
2 – NASCE A INDÚSTRIA
EUGENIO SARTI
Tradução: Claudemir Francisco Alves
Falemos, então, da técnica. A revolução que produziu a nova tecnologia é essencialmente, indissoluvelmente ligada ao clima cultural e à concepção do mundo tardo-renascimental e do Iluminismo. Aquele clima era vivíssimo na Inglaterra do século XVIII: nada mais distante, naquele tempo, do que a idéia de que tal concepção de mundo poderia trazer consigo o germe de uma crise. De um lado, eram fortes o interesse filosófico pela realidade física e o interesse social pela dimensão material da vida do homem, de modo que a satisfação das necessidades materiais poderia aparecer como o mais alto dever moral; de outro, a pesquisa matemática e física dos dois séculos precedentes tinha tornado disponíveis os instrumentos adequados ao planejamento racional da produção que corretamente era visto como instrumento principal para o progresso material. Essas eram as premissas, jamais vistas antes, do nascimento da nova indústria e daquilo que nós chamamos de tecnologia industrial.
PLANEJAMENTO
O planejamento racional explícito é um dos aspectos característicos – talvez, para mim, a característica fundamental – do novo modo de produção. A divisão do trabalho e a mecanização (ou seja, o emprego de máquinas movidas pela energia de combustão para produzir objetos em série) são considerados habitualmente os componentes principais daquela que depois foi chamada revolução industrial. Mas por muitos aspectos o planejamento resulta mais importante, mais profundamente caracterizante a nova ordem social que a indústria vinha instaurando e a nova cultura.
De fato, a divisão do trabalho e a mecanização exigem, em primeiro lugar, a formulação de um projeto
(organizativo para uma e técnico para a outra); mais ainda, essas são confinadas no interior da fábrica, ao