Filosofia
3.1 Filosofia, Retórica e Democracia
A filosofia, a retórica e a democracia foram criações dos gregos antigos,mas nem sempre as relações entre a filosofia e a retórica foram fáceis. No entanto, ambas são essenciais à vida democrática.
Numa democracia as decisões políticas são tomadas publicamente, e não por um tirano ou por um colégio aristocrático. Assim, a capacidade de influenciar a opinião pública é muito valiosa nesta forma de governo. Aqueles que souberem persuadir, pelo uso da palavra, terão maior facilidade em influenciar, alcançar ou manter o poder político, numa democracia.
O período democrático vivido pelos atenienses permitiu o aparecimento dos sofistas, dos quais se destacaram Protágoras (c. 490 - c. 420 a. C.) e Górgias (c. 483 - 376 a. C.), professores que ensinavam retórica àqueles que podiam pagar os seus serviços e desejavam participar na gestão da Pólis (cidade) através do desempenho de cargos públicos. Ao aprenderem retórica, os cidadãos ficavam em melhores condições de manipular a opinião pública e, consequentemente, de conseguir poder na sociedade democrática ateniense.
O ensino dos sofistas foi fortemente criticado por Platão (c. 429 a. C. - 347 a. C.). Na verdade, Platão opôs a retórica (ou, pelo menos, a retórica no seu uso manipulador) à actividade filosófica. Para Platão, o sofista ensina a conquistar o poder pela manipulação, apoiando-se nas opiniões populares e o filósofo procura o saber, visa descobrir a verdade que só pode ser intemporal e universal. A verdade, para os sofistas, é uma verdade relativa, é feita à medida das circunstâncias.
3.2 Manipulação e persuasão ou os dois usos da retórica
A retórica proporciona ,a quem a estuda, um conjunto de técnicas para persuadir um auditório. Aquele que domina essas técnicas possui, deste modo, um certo poder, o qual, como sabemos, tanto pode usado para o bem como para o mal. Assim, podemos distinguir dois usos da retórica: a manipulação e a