Filosofia

Sofrimento: o que é? Uma análise filosófica. por Paulo Faitanin UFF
1. O sofrimento é fenômeno em nossas pequenas histórias de vida e coexiste conosco no mundo em todos os quadrantes terrestres. É inseparável da nossa existência terrena e toca profundamente a alma na dor moral, angústia, medo e tristeza e o corpo na dor física, doença, fome, sede, frio, calor e morte. Quanto mais transcende à nossa compreensão e independe de nossa vontade, nos são mais interrogadores. Se somente os bandidos sofressem talvez não nos interrogássemos tanto, mas crianças morrem de câncer e se torna inevitável perguntar: por quê? E no fundo de cada por quê?
Emerge a pergunta: para quê?
2. O suposto silêncio divino ante à questão acerca do sofrimento humano fortalece a hipótese dos que defendem que só a razão poderá respondê-la e de que o indiferentismo divino é prova cabal de sua limitação ou inexistência:
Caso se admita um Deus todo-poderoso, a realidade do sofrimento leva a duvidar do seu amor. E, se se admite um Deus que ama, o sofrimento significa que Deus não é poderoso. Ora, um Deus que seja fraco ou que seja sem amor, não é Deus .
3. Só a razão não responde o porquê e o para quê do sofrimento humano.
Ela falha ao depositar suas únicas esperanças na própria razão e ao tratar o sofrimento como problema que requeira solução racional. A história contanos suas tentativas: a razão falha em sua resposta mitológica, ao delegar o fato do sofrimento à vontade dos deuses; é incompleta em suas respostas filosóficas, ao eliminá-lo, atrofiando algo da natureza humana [estoicismo], ao negá-lo como se não existisse [hedonismo], ao aceitá-lo como castigo que necessita purgação em sucessivas vidas [neoplatonismo e espiritismo], ao substituí-lo na busca do bem útil proporcional [utilitarismo, pragmatismo] ou sublimá-lo, confinando-o na mente [idealismo e psicologismo], ao assumi-lo em sua tragicidade [existencialismo, niilismo] ou amenizá-lo frente uma
esperança