filosofia e direito
A problemática das relações entre razão e fé encontra no autor uma solução. Filosofia e teologia são duas ciências distintas e, portanto, não se opõem, não se hostilizam. O estudo da verdade revelada pertence à teologia e o estudo racional do Universo é objeto da filosofia. O objeto material das duas ciências poderá ser, às vezes, comum, mas o aspecto sob o qual ele é estudado (objeto formal) é diferente, sendo o estudo do dogma por autoridade e o da filosofia por demonstração científica. No entanto, apesar da distinção há uma relação muito íntima entre as duas ciências.
A filosofia prepara a inteligência para a teologia, fazendo com que o ato de fé seja eminentemente racional. Nos próprios mistérios, domínio exclusivo da teologia, o papel da filosofia é valioso ao esclarecê-los através de analogias extraídas da ordem natural, refutar o que dizem os adversários e fazer ver que o supra-racional não é anti-racional e que a fé, antes de contrariar a razão, amplia a esfera de conhecimento (FRANCA, 1969, p. 104-105). A filosofia, por sua vez, ao contrário do pensamento agostiniano, é uma disciplina essencialmente teórica para resolver o problema do mundo (PADOVANI-CASTAGNOLA, 1972, p. 234).
Tomás deve ser considerado, sobretudo como teólogo. Em segundo lugar, como filósofo. Para quem acredita na Revelação, nela encontra a mais pura, a mais alta e eficaz fonte da ciência, já que provém de dados infalíveis. Para quem só quer levar em conta a razão humana, tais dados são inexistentes. O autor se apóia no dado revelado, mas respeita também a razão humana, quando aplicada de forma legítima. Assim segue ambos os caminhos. Não pode haver qualquer desacordo entre o que ensina a Revelação e o que descobre a razão. Elas dizem respeito à mesma verdade, visam coisas semelhantes sob pontos de vista diversos (AMEAL, 1941, p. 187-188).
O autor, embora sendo aristotélico, não faz disso o essencial de seu sistema tomista. Trata-se