Filosofia: saber com objetivo
A expressão ‘filosofia’ em sua origem etimológica provém do grego philosophia e significa amor do saber, de acordo como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
Deleuze e Guattari (1992, p. 11) substituem a expressão ‘amor do saber’ por ‘amigo do saber’ julgando-a mais adequada à origem grega, já que a palavra amigo para os gregos seria designativo de certa intimidade competente, uma espécie de gosto material e uma potencialidade,
[...] “o amigo tal como ele aparece na filosofia não designa mais um personagem extrínseco, um exemplo ou uma circunstância empírica, mas uma presença intrínseca ao pensamento, uma condição de possibilidade do próprio pensamento, uma categoria viva, um vivido transcendental.” (IBID.)
Nessa acepção a filosofia encontra-se vinculada a uma postura inquiridora perante a realidade. Entretanto essa atitude não se restringe à dúvida comum, ou mesmo àquela traumática diante de uma situação adversa, lógica ou psicológica. Encontra-se melhor espelhada em uma necessidade intrínseca de saber, de conhecer, de denominar, de abstrair, de concretizar. Num impulso para domesticar o ‘mundo’ e fazê-lo próximo para buscar respostas de indagações.
O que assume a postura filosófica (o filósofo) torna-se amigo e amante do saber, da sabedoria (e não da filosofia e do mundo). Uma atitude apaixonada, que pode envolver todas as virtudes e vícios de uma paixão, mas metodológica, racional e ansiosa pela coerência. Dessa forma apresenta uma situação conflituosa de insatisfação e busca contínuas com necessidades lógicas e epistemológicas.
A filosofia assume, portanto a condição de uma atitude de dedicação frente ao conhecimento. Mas existem algumas formas de constituir uma relação com o conhecimento, e por derivação com o ‘mundo’, que não podem ser confundidas com o conhecimento filosófico, como, por exemplo, a religião, a ciência e a arte. Então, em que consiste o conhecimento filosófico?
Sobre essa questão Chauí (2000,