Filosofia analítica e filosofia transformadora - richard rorty
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FILOSOFIA ANALÍTICA E FILOSOFIA TRANSFORMADORA - RICHARD RORTY Muitos filósofos analíticos não gostam de pensar na sua disciplina como uma das ciências humanas. Eles consideram como a marca própria da filosofia a busca disciplinada do conhecimento objetivo e, assim, pensam a filosofia como parecida com as ciências naturais. Eles vêem as ciências humanas como uma arena para discutíveis choques de opinião. Os filósofos deste tipo preferem ser colocados, para fins administrativos, tão longe quanto possível de professores de literatura e tão perto quanto possível de professores de física. É por isso que, nas mesas de organização das universidades americanas, os departamentos de filosofia às vezes são encontrados na Divisão das ciências sociais em vez de na Divisão das ciências humanas. Também esta é a razão pela qual os sitiados filósofos americanos não-analíticos às vezes tentam se reunir sob uma bandeira na qual inscreveram "filosofia humanística". Quando os analíticos e os não-analíticos irritam-se uns com os outros, os administradores acadêmicos às vezes tentam resolver o problema dividindo o departamento em dois – criando um departamento para os técnicos [techies] "analíticos" e outro para os superficiais [fuzzies] "não-analíticos". O antagonismo entre a filosofia analítica e a não-analítica é tediosamente familiar, e isso para todos nós, os filósofos. Porém, referências a essa divisão freqüentemente confundem os não-filósofos. Eles não têm nenhuma idéia sobre o quão exagerado ela é. Eles estão bastante confusos sobre o que distingue a filosofia analítica de outras marcas, quais problemas os filósofos analíticos passam o seu tempo discutindo, e qual a razão pela qual os departamentos de filosofia americanos estão freqüentemente contentes em ter figuras como Hegel, Heidegger, Derrida e Foucault ensinadas em algum lugar na universidade
(pelos cientistas políticos, ou os professores de literatura comparada, ou os historiadores das idéias, por