FILOLOGIA E MEMÓRIA: RESGATE DE UMA OBRA INÉDITA ATRAVÉS DO ACERVO
Barbara Cristina de Carvalho Martingil da Silva1
Resumo: Busca-se, através do resgate da obra inédita Luz Oblíqua, de Ildásio Tavares, mostrar a pesquisa com Acervos, considerando o papel da memória enquanto construtora da cultura humana e preservada por meio do labor filológico. Assim, a análise de documentos permite que o editor crítico intervenha no texto ao ter acesso as suas várias versões, no estudo das modificações textuais, pela Crítica Textual, ou na estruturação do percurso genético em que o texto se constituiu, pela Crítica Genética. O Acervo também representa sua função social, considerando os elementos extratextuais que compõem a obra, questionando sobre a autoria, permitindo à Sociologia de Textos postular sobre a intervenção de outros autores na escrita ou publicação de uma obra.
Palavras-chave: Acervo – Memória – Luz Oblíqua – Filologia
1 INTRODUÇÃO
A memória enquanto disposição de conhecimentos passados possibilita a construção da cultura do homem. Tratar da memória evoca, então, a construção da identidade de uma sociedade, “enquanto processo de aquisição, armazenamento e recuperação de fatos diversos por parte de algum indivíduo”. (SOBRAL, 2012, p. 275)
Os Acervos – entendidos como conjunto de documentos pertinentes à vida e à obra de um escritor – são reservatórios do processo de criação e de produção, mas que se arriscam a serem esquecidos pelo passar do tempo se não forem recuperados. O Acervo permite que a obra e o autor permaneçam vivos na história de uma sociedade. Dessa forma, entrelaça-se pelas redes literárias, no sentido de os textos ali mantidos dialogarem ainda com o público se forem resgatados e preservados de forma apropriada, função requerida à filologia.
Busca-se, através desse artigo, propor a análise de documentos como estudo das modificações textuais, através da Crítica Textual, ou da estruturação do percurso genético em que o texto se