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Pobreza e desigualdade
A expansão da cobertura educacional na América Latina permitiu que setores tradicionalmente excluídos do sistema escolar tivessem acesso a ele. Contudo, os altos níveis de pobreza e exclusão, associados à persistente desigualdade e à injustiça social que caracterizam o desenvolvimento latino-americano contemporâneo, formaram uma combinação que limitou o potencial democratizante desta expansão. Os altos níveis de miséria associados à fome, à desnutrição e às péssimas condições de vida e de saúde da população mais pobre conspiram contra a possibilidade de que o trânsito pelas instituições escolares seja a oportunidade real de democratização de um direito humano. Essa precarização, sem dúvida alguma, estará associada à crise do mercado de trabalho, já visível em quase todos os países, ao intenso aumento do desemprego e, consequentemente, à redução da renda da população mais pobre, já que, como se sabe, este setor tem sua fonte de renda fundamentalmente no mercado de trabalho formal e informal, motivo pelo qual qualquer retrocesso neste campo produz como consequência uma crise nas condições de vida da população. A situação herdada e as perspectivas futuras são particularmente graves diante do fato de que, em nossos países, a pobreza tem um impacto bem mais contundente sobre a população infantil e juvenil que sobre a população adulta. Dessa forma, toda situação de pobreza estrutural ou de intensificação desta, inevitavelmente, exercerá impacto sobre o sistema escolar, questionando, interferindo e fragilizando as condições para o exercício do direito à educação. As consequências da pobreza não são particularmente graves apenas entre a população infantil e juvenil, mas também exercem um impacto especial sobre a população indígena e afro-latina. Ambas as dimensões, logicamente, combinam-se de forma inevitável.