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INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO HS-251 - Sociologia I
2º semestre de 1974
A FAMÍLIA BRASILEIRA
Antonio Candido de Mello e Souza
in T. Lynn Smith e Alexander Marchant (eds.), Brasil Portrait of Half a continent, N.Y., The Dryden Press, 1951. pp. 291-311.
O estudo sociológico da família brasileira em sua perspectiva histórica precisa ter como base o estudo das mudanças da estrutura familiar, mudanças estas que são produzida pela significação provocada pela redução de suas funções. Mudanças nas funções econômicas, nos modos de participação cultural, e nos tipos de dominação e subordinação causam mudanças correspondentes nas relações totais do grupo familiar e emergem novas formas de solidariedade. Concomitantemente às mudanças na estrutura ocorrem mudanças no sistema de valores e na definição de uma nova situação moral. Assim o problema precisa ser encarado de um tríplice ponto de vista, nos aspectos estruturais, funcional e moral.
A ênfase dada à família patriarcal dos séculos passados justifica-se pelo fato de que ela foi a base sobre a qual se desenvolvem a moderna família conjugal, cujos traços só podem ser entendidos se examinarmos sua origem. Embora este capítulo pretenda der uma visão geral do problema, o autor deve esclarecer de início que sua própria experiência também os exemplos dados referem-se principalmente as partes centro e sul do país, principalmente a área de histórica influência paulista. Entretanto, esta região inclui aproximadamente metade da população brasileira e é a área onde as influências da urbanização e da industrialização agora em desenvolvimento, são mais acentuadas.
Provavelmente a maioria dos colonizadores portugueses que ocuparam o Brasil e dirigiram seus negócios desde o século XVI vieram de zonas rurais e das camadas média a baixa da sociedade. Deste modo devem ter pertencido ao tipo mais conservador na participação cultural, e terem sido mais ligados à