filme
História e saudade
A obra Menino de Engenho fez sucesso tanto na literatura quanto no cinema brasileiro. Coincidentemente foi a primeira produção de dois grandes nomes: José Lins do Rego e Walter Lima Júnior. O livro lançado em 1932 e o filme em 1965 determinaram a carreira brilhante de seus produtores.
Carregada de saudosismo, a história mostra a trajetória de um garoto que passa sua infância num engenho de açúcar nordestino dentro de um contexto cultural e econômico que mostra o processo de industrialização da produção açucareira.
A paisagem natural ampla da fazenda, a linguagem crítica sobre a sociedade e a abordagem do contexto histórico-social evidenciam a relação dos trabalhos de Walter com o Brasil, além de mostrar sua capacidade de dar veracidade a seus personagens.
José Lins do Rego fez uma obra memorialista, mas a reprodução deste trabalho para o cinema mostra o olhar de alguém com uma visão crítica de toda aquela situação. Em alguns pontos do filme, isso pode ser observado claramente, pois apresenta um tempo diferente do abordado no livro: já com luz elétrica e a proibição de escravos no tronco.
Filmado em preto e branco no Engenho de Maria Menina, mulher que criou José Lins do Rego, o filme se desenvolve a partir do impacto do assassinato da mãe de Carlinhos (personagem vivenciado por Sávio Rolim) pelo seu pai, fator que resulta na ida do menino para Santa Rosa, fazenda que pertencia ao seu avô materno, o coronel José Paulino (interpretado por Rodolfo Arena).
No engenho, aos cuidados dos avós e dos tios, Carlinhos descobriu a realidade do nosso país e conviveu harmoniosamente com ela: conheceu a desigualdade social; quase partiu para o cangaço; relacionou-se com primos extrovertidos e libertinos; perdeu a prima Lili, por quem nutria uma forte afeição; presenciou a violência da natureza, com a cheia do Paraíba; descobriu o amor pela prima Maria Clara, que durou pouco, até a volta da menina para