Filmar o real
Em busca do real Por que o documentário tem atraído um interesse crescente de realizadores, críticos e pesquisadores de cinema e conquistado uma parcela pequena mas considerável do público que freqüenta as salas de exibição no Brasil? Formulada de diferentes maneiras, esta questão paira no ar. Ela ecoa um interesse revigorado pela prática documental, que pode ser constatado pelo aumento de filmes produzidos na última década, a criação de festivais especialmente dedicados a essa modalidade de cinema, a ampliação de editais públicos e outras formas de fomento à realização de filmes documentais e a presença crescente - mesmo que ainda insatisfatória - de documentários independentes na televisão brasileira. Também são indicativos desse interesse os cursos que se espalham pelo país inteiro, o aumento de publicações, os debates sobre documentários em encontros e seminários e a discussão em torno de novos meios de exibição e distribuição. Esse estado de coisas não se restringe ao Brasil. Os sinais da força do documentário contemporâneo são até mais consistentes em países da Europa - na França, particularmente-, nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Israel, entre outros. É im-[p. 8]portante notar ainda que o interesse por imagens "reais" tampouco se limita ao campo do documentário: parece corresponder a uma atração cada vez maior pelo "real" em diversas formas de expressão artísticas e midiáticas. Parte significativa das ficções cinematográficas e mesmo televisivas tem investido em uma estética de teor documental, e são expressivas as adaptações de relatos literários cuja matéria são situações reais. Os telejornais e programas de variedades não se limitam mais às imagens estáveis e bem enquadradas, utilizando em muitas coberturas planos-seqüências tremidos e imagens de baixa qualidade registradas por microcâmeras, câmeras de