Figura de linguagem
“Fazia riscos, bordados, mandava vir rendas de Grã-Mogol, cosia com amor, aprendia a arte do bilro”.
Observe que as orações se dispõem em sequência, separadas por vírgulas. Poderiam vir ligadas pelo conectivo “e”: “cosia com amor [e] aprendia a arte do bilro”; em vez disso, vêm justapostas.
Polissíndeto: é a figura que consiste em repetir os conectivos entre as orações dispostas em sequência. Observe esses exemplos:
“Se era noivo, se era virgem,
Se era alegre, se era bom,
Não sei.
É tarde para saber”. (Carlos Drummond de Andrade)
“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge”. (Rubem Braga)
Nos versos de Drummond, veja que houve a repetição da conjunção “se”; na afirmação de Rubem Braga, o que se repete é a conjunção “nem”, uma maneira bem criativa e cômica de se dizer que o telefone dele não funcionava de maneira alguma.
Perífrase: consiste em substituir uma palavra por uma série de outras, de modo que estas se refiram àquela indiretamente:
“A dama do teatro brasileiro foi indicada para um Oscar.”
Em lugar de nos referirmos diretamente a Fernanda Montenegro, criamos a perífrase "A dama do teatro brasileiro".
Outros exemplos:
- Visitamos a Cidade Eterna (= Roma).
- Ultima flor do Lácio (= língua portuguesa), inculta e bela. (Bilac)
- O astro rei (= sol) brilha intensamente.
- Aquele que tudo pode (= Deus) nos protege.
- O país do futebol (Brasil), é adorado por seus filhos.
- As pessoas que tudo querem (= os gananciosos) nada conseguem.
Apóstrofe: consiste em interromper a narração para dirigir a palavra a pessoas ausentes ou ao leitor. Sintaticamente, a apóstrofe exerce a função de vocativo dentro de uma sentença. Veja alguns casos:
“Tende piedade de mim, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade”.
(Vinícius de Moraes)
Observe