Fichamento
p. 16 - É que, para que o ensino mude, não basta remendar alguns aspectos. É necessário uma revolução. No caso específico do ensino de português, nada será resolvido se não mudar a concepção de língua e de ensino de língua na escola...
p. 17 - ... o objetivo da escola é ensinar o português padrão, ou, talvez mais exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido. (grifos do autor)
p. 18 - Como toda a boa tese, a que estou defendendo aqui é afirmada contra alguma outra, real ou hipotética, às vezes atribuída aos lingüistas. Dentre as que defenderiam que a função da escola não é ensinar português padrão, aquelas que vale a pena comentar são basicamente duas. Uma é de natureza político-cultural. Outra, de natureza cognitiva.
p. 18 - A tese de natureza político-cultural diz basicamente que é uma violência, ou uma injustiça, impor a um grupo social os valores de outro grupo.
p. 19 - Isso poderia parecer óbvio, mas é aqui que começa a funcionar o outro equívoco, o de natureza cognitiva. Ele consiste em imaginar que cada falante ou cada grupo de falantes só pode aprender e falar um dialeto (ou uma língua).
p. 21 - Para que um projeto de ensino de língua seja bem sucedido, uma condição deve necessariamente ser preenchida, e com urgência: que haja uma concepção clara do que seja uma língua e do que seja uma criança (na verdade, um ser humano, de maneira geral). (grifos do autor)
p. 25-26 - Quando os próprios europeus analisaram as línguas indígenas, isto é, quando missionários e linguistas descreveram as gramáticas de tais línguas, fizeram descobertas surpreendentes (para os preconceituosos). Descobriram que línguas consideradas primitivas podem ser classificadas ao lado de línguas ditas civilizadas...