Fichamento
A figura do intérprete ocupa importante papel nas interações entre surdos e ouvintes e configura-se como um direito em espaços institucionais como universidades, escolas e repartições públicas; a autora desconstrói, pois, a ideia de que o intérprete é a voz do surdo.
Desconstrói, ainda, um pensamento muito comum entre os ouvintes: o de que os surdos vivem em um silêncio absoluto. Eles percebem os sons por meio das vibrações e são bastante sensíveis aos movimentos e aos ritmos musicais, o que lhes possibilita encontrar prazer na dança.
A autora discute a questão da oralização do surdo, colocando-a como um direito e uma opção que merece ser respeitada e não como uma condição para a sua integração na sociedade ouvinte. Faz-se necessário avançar na compreensão de que a língua de modalidade espaço-visual é língua humana, bem como a oral-auditiva. Assim, o surdo fala por meio da língua de sinais, como também pode falar oralmente se passar por um trabalho de fonoterapia.
A maioria dos ouvintes desconhece a carga semântica que os termos mudo, surdo-mudo, e deficiente auditivo evocam. É facilmente observável que, para muitos ouvintes alheios à discussão sobre a surdez, o uso da palavra surdo pareça imprimir mais preconceito, enquanto o termo deficiente auditivo parece-lhes ser mais politicamente correto.