fichamento
CÂMPUS MARINGÁ
Curso: Administração
Disciplina: Filosofia
Aluno: Hélida da Silva.
Um Primeiro Relance
A Importância da Diferença entre Ter e Ser
Referência:
FROMM, Erich. Ter e Ser? Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977, pp. 35-45.
p.01 A alternativa ter contra ser não fala imediatamente ao senso comum. Ao que tudo indica ter é uma função normal de nossa vida: a fim de viver nós devemos ter coisas. Além do mais, devemos ter coisas a fim de desfrutá-las. Numa cultura em que a meta suprema é ter — e ter cada vez mais — e na qual se pode falar de alguém como “valendo um milhão de dólares”, como poderá haver alternativa entre ter e ser? Pelo contrário, tem-se a impressão de que a própria essência de ser é ter: de que se alguém nada tem, não é.
Contudo, os grandes mestres da vida fizeram da alternativa entre ter e ser a questão central de seus respectivos sistemas. Buda ensina que, para chegarmos ao mais elevado estágio do desenvolvimento humano, não devemos ansiar pelas posses. Jesus ensina: “Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se, ou a causar dano a si mesmo?” (Lucas, 9:24-25). Mestre Eckhart ensinava que ter nada e tornar-se aberto e “vazio”, e não colocar o eu no centro, é a condição para conseguir riqueza e robustez espiritual. Marx ensinava que o luxo é tanto um mal como a miséria, e que nosso ideal deve consistir em ser muito, e não ter muito.
O que vi em todos esses anos levou-me a concluir que esta distinção, juntamente com aquela entre amor da vida e amor dos mortos, representa o mais crucial problema da existência; que os dados empíricos antropológicos e psicanalíticos tendem a demonstrar que ter e ser são dois modos fundamentais de experiência, cujas respectivas forças determinam as diferenças entre os caracteres dos indivíduos e vários tipos de caráter