FICHAMENTO SOCRATES FILOSOFIA
“Sócrates (470/469-399 a.c.) não deixou escritos, mas confiou seu saber aos discípulos mediante o diálogo, na dimensão da pura oralidade. Daí a dificuldade de reconstruir sua doutrina, servindo-se de múltiplos testemunhos frequentemente divergentes entre si, porque cada uma das testemunhas colhia apenas alguns aspectos do ensinamento do mestre, aqueles que lhe interessavam”. (p. 91)
“A sabedoria humana de que Sócrates se diz mestre consiste na busca de justificação filosófica (isto é, de um fundamento) da vida moral. Este fundamento consiste na própria natureza ou essência do homem. À diferença dos sofistas, Sócrates chega a estas conclusões: o homem é a sua alma. E por alma ele entendia a consciência, a personalidade intelectual e moral (hoje diríamos a capacidade de entender e de querer). “Conhecer a si mesmo” significa, portanto, reconhecer tal verdade”. (p.91)
“ [...] E como a alma é atividade cognitiva, a virtude será essencialmente potencialização dessa atividade, ou seja, será “ciência”, “conhecimento”. (p.91)
“Se a Virtude é ciência, temos duas consequências: 1) existe uma só virtude, que é, ao mesmo tempo, o mínimo denominador comum e o fundamento de todas as múltiplas virtudes em que o grego acreditava; 2) ninguém pode pecar voluntariamente, porque quem peca se engana sobre o valor daquilo a que a própria ação tende; considera um bem aquilo que é mal, aquilo que e bem apenas na aparência. Bastaria mostrar a quem erra a verdade, e este corrigiria o próprio erro”. (p.91)
“Ainda do conceito de psyche deriva a descoberta socrática da liberdade, entendida como liberdade interior e, em última análise, como "autodomínio". Uma vez que a alma e racional, ela alcança sua liberdade quando se livra de tudo o que e irracional, ou seja, das paixões e dos instintos”. (p.92).
“Também a felicidade assume valência espiritual e se realiza quando na alma prevalece a ordem”. (p.92).