fichamento ORAÇÃO AOS MOÇOS
BARBOSA, Rui. Oração aos Moços
“Oração aos moços” é um discurso escrito por Rui Barbosa para uma turma de bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo em 1920, que o escolheu como paraninfo. Com a idade avançada e a saúde já debilitada, o autor não pode comparecer à cerimônia. “Mas, recusando-me o privilégio de um dia tão grande, ainda me consentiu o encanto de vos falar, de conversar convosco, presente entre vós em espírito; o que é, também, estar presente em verdade”.
A obra trata-se de uma carta que tem como tema central a ética profissional. Nela se vê uma espécie de pedido insistente e humilde extremamente bem arquitetado.
A princípio há o manifesto do autor em relação à esperança depositada por ele naqueles moços, iniciantes na carreira jurídica, a continuarem o trabalho o qual ele estaria prestes a cessar. Em tom emocionante, o mesmo explica o fato de não poder estar em presença naquele momento, depositando, a responsabilidade em Deus.
Não quis Deus que os meus cinquenta anos de consagração ao direito viessem receber no templo do seu ensino em São Paulo o selo de uma grande bênção, associando-se hoje com a vossa admissão ao nosso sacerdócio, na solenidade imponente dos votos, em que o ides esposar.
Exteriorizando a ideia de que não há limites para o ser humano, que não é uma verdade dizer que o que está longe da vista também está longe do coração, o autor propõe um estreitamento de laços entre ele e os apadrinhados, pedindo-os licença para chamá-los de filhos. Fala do coração como algo não tão trivial e carnal, mas como um órgão sublime, fundamental para se enxergar com os olhos da alma. Apela aos moços para que mantenham seus corações limpos, incontaminados.
Entre vós, porém, moços, que me estais escutando, ainda brilha em toda a sua rutilância o clarão da lâmpada sagrada, ainda arde em toda a usa energia o centro de calor, a que se aquece a essência d'alma. Vosso coração, pois, ainda estará incontaminado; e Deus assim o