Fichamento - le goff, jacques. “o tempo de trabalho da ‘crise’ do século xiv: do tempo medieval ao tempo moderno”. in para um novo conceito de idade média, lisboa, estampa, 1980, pp. 61-73.
O raciocínio de Le Goff no texto em questão desenvolve-se por uma série de relações de causa e consequência e argumentos baseados em documentações da época. Assim, o autor trata da passagem entre sois conceitos de tempo, do medieval para o moderno, explorando a substituição do velho sino pelo relógio e o surgimento dos primeiros pensamentos capitalistas e mercantilistas. O tempo medieval consistia no dia, ou seja, no levantar e no pôr do sol, nos ritmos naturais do ambiente, demarcado também pelos sinos, os quais eram diretamente ligados à igreja – o tempo parecia ser apenas de posse de Deus. Nesse contexto, o tempo ainda não está relacionado com o trabalho, e os sinos da igreja apenas informavam o momento das orações. Portanto, entende-se que o cotidiano, aliado à crença, determinou a unidade de tempo para a rotina de trabalho na Idade Média. No século XIV ocorre uma evolução econômica no Ocidente, que deixa de ser medieval e se transforma em “moderno”, criando uma necessidade de modificar a medida de tempo. O desenvolvimento da sociedade urbana modificou o regime de trabalho imposto à sociedade. Podemos notar uma dificuldade de adaptação da sociedade às mudanças da marcação do tempo, principalmente por parte dos trabalhadores. “No final deste século [XIV] e em princípios do seguinte, vê-se nitidamente que a duração do dia de trabalho é o motivo das lutas operárias” (pág. 66). A princípio, os trabalhadores eram a favor do prolongamento do dia laboral, criando um aumento dos salários. Porém, patrões e mestres temiam que os operários detivessem um maior controle do tempo e defendiam o sino do trabalho. Conhecedores dos benefícios da produtividade, os metres buscam regrar o tempo de trabalho. O sino passa a ser, então, instrumento de controle social sobre os operários. A partir daí, o tempo