Fichamento Las Meninas
O pintor fica visível a todo o momento, ela não fica escondido pela tela que fez, ele aparece aos olhos do espectador.
“Podemos vê-lo agora, num instante de pausa, no centro neutro dessa oscilação. Seu talhe escuro, seu rosto claro são meios-termos entre o visível e o invisível: saindo dessa tela que nos escapa, ele emerge aos nossos olhos; mas quando, dentro em pouco, der um passo para a direita, furtando-se aos nossos olhares, achar-se-á colocado bem em face da tela que está pintando; entrará nessa região onde seu quadro, negligenciado por um instante, se lhe vai tornar de novo visível, sem sombra nem reticência.” (FOUCAULT, 1999, pág.04)
Com o rosto virado o pintor olha com a cabeça inclinada para o ombro. Ele fixa um ponto invisível que para nos os espectadores, fica mais fácil determiná-lo. Isto porque esse ponto somos nós mesmos, o corpo, o rosto, os olhos. O que ele observa passa a ser então duas vezes invisível.
“O alto retângulo monótono que ocupa toda a parte esquerda do quadro real e que figura o verso da tela representada reconstituiu, sob as espécies de uma superfície, a in-visibilidade em profundidade daquilo que o artista contempla: este espaço em que nós estamos, que nós somos. Dos olhos do pintor até aquilo que ele olha, está traçada uma linha imperiosa que nós, os que olhamos, não poderíamos evitar: ela atravessa o quadro real e alcança, à frente da sua superfície, o lugar de onde vemos o pintor que nos observa; esse pontilhado nos atinge infalivelmente e nos