Fichamento: Jornalismo e Literatura em Convergência
Jornalismo e Literatura em Convergência
autor Marcelo Bulhões
“Um ponto essencial da confluência de gêneros do jornalismo e da literatura, sem dúvida, atende pelo nome de narratividade. Produzir textos narrativos, ou seja, que contam uma sequência de eventos que se sucedem no tempo, é algo que inclui tanto a vivência literária quanto a jornalística. E a narratividade possui conexão estreita com a temporalidade, o que significa dizer que se contam eventos reveladores da passagem de um estado a outro. Além disso, é bom não perder de vista que a narratividade está intimamente vinculada à necessidade humana de conhecimento e revelação do mundo ou da realidade. Aliás, não é por acaso que narrar, narrador, narrativa derivam de narro, vocábulo latino que significa “dar a conhecer”. É claro que há em tudo isso um campo rico de implicações que podem ser direcionadas às relações e distinções entre a vivência jornalística e a literária. Pode-se, por exemplo, lembrar que tanto literatura como jornalismo atuam como expedientes de conhecimento do mundo, sendo que a experiência literária parece preferir conhecer o mundo por meio da prática imaginativa e alegórica, a qual não é necessariamente menos “verdadeira” que a alternativa jornalística.” (página 40).
“Tal feição de crítica social adquirida pelo romance do século XIX, conhecida como realista-naturalista, lançou procedimentos ou recursos afeitos a uma postura documental ou fotográfica da realidade circundante, com a retratação rigorosa dos ambientes sociais de uma intriga ficcional. O legado do romance realista, pela primazia que forneceu à captação dos quadros sociais de seu tempo, é sempre um repertório instrumental a serviço das potencialidades da escrita da reportagem. E a literatura naturalista, segundo as bases lançadas por Émile Zola, estabeleceu até uma 'metodologia' que, como se verá em capítulo mais adiante, propôs a recusa da imaginação, substituindo-a pela observação e pesquisa de