Fichamento Favret-Saada afetações etnografia
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"Ser Afetado" Nos dois textos é apresentada a etnografia de Jeanne Favret-Saada, tendo em vista seu trabalho de campo realizado no Bocage Francês, na busca de conhecer a experiência de enfeitiçar e ser enfeitiçado naquela cultura. Seu estudo vai sendo moldado por suas experiências, pelo o que a autora vai aprendendo ao longo da convivência com os nativos, e suas principais descobertas relacionam-se, muito mais do que a mera apreensão da cultura local, com a disponibilidade de afetar e ser afetado, com uma comunicação não-verbal, não intencional, não intelectual e sensível, e com reflexões metodológicas sobre uma etnografia possível. Os dois textos falam das mesmas experiências, mas com olhares diferentes; um é escrito pela própria Favret Saada, o outro traz uma análise de Marcio Goldman. Favret-Saada vai dizer que este trabalho guiou-lhe de volta à noção de afeto, enquanto um método de pesquisa de campo, despertando seu interesse na "modalidade de ser afetado". (Favret-Saada, p.1) Esse processo lhe permitiu outro olhar sobre o trabalho de campo, bem como um interesse em esboçar uma espécie de "antropologia das terapias" que incluísse tanto aquelas racionais, "científicas" e/ou psicologizantes, quanto as consideradas "selvagens" ou "exóticas". A autora vai questionar a tendência que reconhece na antropologia de menosprezar a influência dos afetos, ora negando-a, ora considerando-a como algo inferior, raso ou inconsistente. Favret aposta, num misto de descoberta, instinto e experimentação, na hipótese de que o poder de uma terapêutica- seja qual for - se encontra justamente em um trabalho realizado COM os afetos, e a partir destes (Favret-Saada, p.1). "O desenfeitiçador, nessa terapia, não está de fora ou acima do enfeitiçado, e sim é um aliado e duplo da vítima no combate contra o inimigo". (Favret-Saada 1989b: 55;1990a:3 apud Goldman, p 151-152) Em seu texto, Favret diferencia seu dispositivo metodológico das afetações de uma prática empática e da "dita