Fichamento do livro a importancia do ato de ler
Fernanda Morena
“Foto, foto”, é o alarme emitido pelos visitantes da “feira de solteiros” no parque ZhongShan, em Pequim, ao perceber a presença de uma câmera - querendo evitar a exposição de detalhes familiares privados.
Munidos de cartazes em que ofertam suas filhas e filhos solteiros, dezenas de pais e mães reúnem-se a cada domingo à tarde no parque à procura de um bom candidato para integrar a família.
Escrito à mão nos cartazes, estão requerimentos como altura mínima de 1,80 m para rapazes, salário acima de 4.000 yuans (cerca de R$ 1 mil), apartamento e emprego sólido.
As discussões são levadas pelos progenitores e, no caso de um interesse mútuo, eles procedem para o arranjo de um encontro entre os filhos.
Muitos dos cartazes trazem ainda uma foto do candidato ao casamento. “Eu coloco a foto da minha filha porque ela não tem um trabalho muito bom e não somos de Pequim”, diz a mãe da jovem Wang, uma comerciante de 26 anos e 1,65m de altura.
Wang vive na capital chinesa há três anos. Sua mãe veio da província de Haarbin para ajudá-la a procurar um namorado. “Minha filha é muito ocupada com o trabalho e não tem tempo de conhecer rapazes”.
Um endereço na capital chinesa está entre os atributos mais valorizados na feira, ao lado de status social e estabilidade financeira.
O hukou (registro de residência que garante benefícios sociais aos moradores locais) de Pequim é quase uma unanimidade no parque ZhongShan. “Você não é de Pequim? Pode seguir adiante”, informa a mãe de uma jovem solteira ao pai de um candidato, vindo da província de Heilongjiang.
'Educação nobre'
A feira no parque ZhongShan não é o único caminho seguido pelos jovens chineses a procura de casamento.
Em Pequim, foi aberto em 2010 o Centro de Educação Moral para dar mulheres "educação nobre". A escola abriga mais de duas mil alunas, que pagam 20 mil yuans (R$ 5 mil) para se tornar mulheres "de classe" e melhorarem suas