Fichamento do Livro VII da Ética a Nicômaco de Aristóteles
1. Sobre a Continência e a Incontinência
a) As disposições morais
Há três espécies de disposições morais a serem evitadas: a deficiência moral, a incontinência e a bestialidade. As disposições contrárias são a excelência moral, a continência e a excelência moral sobre-humana. Tanto a criatura bestial quanto a divina não tem deficiência nem excelência moral. A disposição dos deuses é mais alta que a excelência, e a de uma criatura bestial é uma espécie diferente de deficiência moral. Algumas disposições bestiais se manifestam em consequência de doenças ou de loucura, e outras ainda são estados mórbidos resultantes de hábitos, como, por exemplo, arrancar os cabelos ou roer as unhas, ou até comer carvão e terra. Discutiremos a incontinência e a continência, a lassidão e a resistência. Pensa-se realmente que tanto a continência quanto a resistência estão incluídas entre as disposições boas e louváveis, e que tanto a incontinência quanto a lassidão estão incluídas entre as disposições más e reprováveis; pensa-se também que a mesmas pessoas é dotada de continência e se dispõe a ater-se ao resultado de seus cálculos, ou que a mesma pessoa é incontinente se está pronta a abandoná-los. Além disto, a pessoa incontinente, sabendo que age mal, age em decorrência de suas emoções, enquanto a pessoa dotada de continência, se sabe que seus desejos são maus, recusa-se a segui-los graças a razão. O incontinente é aquele que sabe o que não deve fazer, mas não consegue se conter e faz, ele possui uma reta razão, mas não é coerente consigo mesmo. Apesar de conhecer o bem, ele não o pratica.
b) A incontinência boa e a continência má
A continência é boa, mas há também o tipo de pessoas que se comprazem menos do que deveriam com os prazeres do corpo. O continente é aquele que desfruta dos prazeres do corpo, mas ao mesmo tempo permanece firme em relação à razão e não se entrega aos excessos e vícios. As pessoas