Fichamento do livro Açucar amargo
Puntel, Luís – Editora Ática – 10ª edição – 1998
Capt.: 1.
— Então faz o seguinte, Marta! Eu não quero segurá-la senão você perde seu ônibus... Você faz o resumo e eu e as meninas terminamos o resto. Combinado? A rotina de Marta era aquela: bem cedinho, ela tomava o ônibus que vinha de Bebedouro, cidade próxima, com destino a Catanduva. A fazenda não ficava muito longe, o que facilitava seus estudos. — Se você tivesse o pai que eu tenho, Eliana... Ele vive reclamando que eu preciso aprender um ofício, que esse negócio de estudar é besteira. Assim Marta sempre definia o pai: Ranzinza, um casca de ferida. [...] Com ela, Pedro nunca fazia festa. Seus momentos de carinho, [...] eram devotados ao filho mais velho, o Altair, o único que sobreviveu dos três homens que Zefa, a mãe, teve. — Desculpa pela demora, seu Tonho, eu estava distraída... — disse ao motorista. Ao atravessar a rodovia, Marta sorriu satisfeita. Não apenas o fazendeiro estava lá, como também o Paulinho, seu filho. Mas, em uma das curvas do caminho, a camioneta passou por ela apressada, levantando poeira. Marta notou que o fazendeiro estava carrancudo, estranho. [...] .
Açúcar Amargo
Puntel, Luís – Editora Ática – 10ª edição – 1998
Capt.: 2. Quando entrou em casa, o clima estava tenso. Sem fazer perguntas, porque o momento não era propício, Marta foi trocar de roupa.
Não demorou muito em sua análise. Sua mãe chamava-a, dizendo que o almoço estava na mesa. A mesa, ninguém falava nada. [...] Depois de segundos que pareceram longos minutos:
— Vamos ter que dar o fora da fazenda. [...]
— Mas por causa da cana nós temos que ir embora?
—Tá na escola, mas é burrinha. [...] Eles vão alugar a fazenda para uma usina de cana. Derrubar toda a plantação e meter cana em cima...
— O jeito, Zefa, o jeito é a gente arrumar outra fazenda, ou então um sítio pra ir tocando... [...] Outras fazendas também estavam plantando cana, muitos colonos sendo despedidos.