Fichamento do Capítulo 2 de Estética Relacional
Faculdade de Artes Visuais – Prof. Juliano
Disciplina: Poéticas Visuais
Obra: Estética Relacional
Autor: Nicolas Borriaud
FICHAMENTO DO CAPÍTULO 2: A ARTE NOS ANOS 1990 O espaço de reflexão aberto pelo “coeficiente de arte” de Marcel Duchamp, que tenta delimitar exatamente o campo de intervenção do receptor na obra de arte, hoje consiste numa cultura interativa que apresenta a transitividade do objeto cultural como fato consumado. Esta transitividade constitui uma propriedade concreta da obra de arte. Sem ela, a obra seria apenas um objeto morto, esmagado pela contemplação. Duchamp ao dizer que são os espectadores que fazem os quadros, vai além ao postular o diálogo como própria origem do processo de constituição da imagem: desde seu ponto de partida já é preciso negociar, pressupor o Outro... Assim, toda obra de arte pode ser definida como um objeto relacional, como o lugar geométrico de uma negociação com inúmeros correspondentes. Bourdieu considera o mundo da arte como um “espaço de relações objetivas entre posições”, isto é, um microcosmo definido por relações de força e embates com que os produtores tentam “conservá-lo ou transformá-lo”. A arte é um sistema altamente cooperativo, a rede “Arte” é porosa, e são as relações dessa rede como conjunto dos campos de produção que determinam sua evolução. Aos poucos, a arte abandonou tal pretensão, passando a explorar as relações existentes entre o Homem e o mundo. Essa nova ordem relacional dialética, se desenvolveu a partir do Renascimento – que privilegia a posição física do ser humano em seu universo, embora ainda fosse dominado pela figura divina. A história da arte pode ser lida como a história dos sucessivos campos relacionais externos, que mudam de acordo com as práticas determinadas por sua própria evolução interna. Depois do campo das relações entre Humanidade e divindade, a seguir entre Humanidade e objeto, a prática artística agora se concentra na esfera das