Fichamento do capitulo “A Rua” de João do Rio

Fichamento do capitulo “A Rua” de João do Rio

Neste primeiro capítulo do livro A Alma Encantadora das Ruas, o cronista João do Rio nos guia por um passeio poético pelas ruas do Rio de Janeiro no início do século XX. Sua primeira frase ‘”Eu amo a rua” (p. 3), já expressa o seu sentimento diante deste objeto/ cenário/ personagem que ele se propõe a observar e a analisar. Para ele, “a rua tem alma!” (p.4), seja no Rio de Janeiro, em Paris ou em Buenos Aires, e para explorá-la, para compreender sua psicologia, é necessário praticar a arte de flanar. “É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico.” (p. 5).
João do Rio, após confessar ter sido “um pouco esse tipo complexo, e, talvez por isso, cada rua é pra mim um ser vivo e imóvel” (p. 6) inicia uma minuciosa descrição de ruas do Rio de Janeiro, estas praticamente antropomorfizadas. “Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história(...).”(p. 7) “Mas o importante, o grave”, diz ele, “é ser a rua a causa fundamental da diversidade dos tipos urbanos.”(p. 11) Portanto a rua, ao mesmo tempo que se apropria de características humanas, ela também cria e modela aqueles que vivem nela ou a frequentam: “Todos nós conhecemos o tipo do rapaz do Largo do Machado: cabelo à americana, roupas amplas à inglesa, lencinho minúsculo no punho largo, bengala de volta, pretensões às línguas estrangeiras(...)” (p. 12). Este modo de ver e sentir a rua se mantém ao longo da narrativa atribuindo a este objeto/ cenário/ personagem cada vez mais características e enfatizando a importância e a influencia que a rua exerce sobre todos nós. Para o cronista, “No espírito humano a rua chega a ser uma imagem que se liga a todos os sentimentos e serve para todas as comparações.” (p. 16).