Fichamento de o governo joão goulart e o golpe de 1964: memória, história e historiografia
O artigo analisa textos historiográficos referentes ao governo João Goulart (1961-1964) e ao golpe de estado que o depôs, a partir da idéia de que a não há muitos textos sobre a trajetória política desse ex-presidente. É colocado em um patamar mais baixo tanto na quantidade de estudos sobre ele, quanto em relação a memória coletiva nacional. Isso é observável devido ao fato de Vargas e Kubistchek terem muito mais reconhecimento. Apesar disso, foi inegável a importância dele, Jango foi um dos maiores líderes trabalhistas brasileiros. Orientou, com indiscutível coerência, sua prática política por uma opção de consolidação renovada da herança varguista e pela adoção e apoio a iniciativas destinadas à ampliação da cidadania social e à defesa dos interesses econômicos nacionais. Seu mandato presidencial, contudo, foi marcado por forte efervescência e instabilidade política relacionadas ao fato de herdar as oposições do governo Vargas e também às condições excepcionais que predominaram durante todo o seu mandato presidencial. Sua posse aconteceu em um contexto de crise, deflagrada pela ação de seus adversários políticos. Em seu governo também ocorreu um aumento da representatividade de movimentos sociais mais autônomos, como por exemplo o movimento estudantil. Isso contribuiu para o adensamento de uma polarização política bastante peculiar àquele tempo de dicotomia internacional, marcada pelo período da guerra fria. Como presidente, João Goulart atuou, com firmeza, no escopo da democracia política, pela efetivação de uma democracia social no Brasil. Tal orientação governamental, apesar de considerada moderada por alguns segmentos do movimento social nacionalista e reformista, trouxe real desconforto aos conservadores que com ela não concordavam, que se uniram em forte atuação desestabilizadora de seu governo, que culminou com o golpe que o destituiu. Antes e depois do golpe