fichamento de resumo
Por Paulo Porto Borges* 6
"A questão é que precismao entender que esse é um movimento só: os povos indígenas e os djurá pobres e trabalhadores, estamos juntos. Não é apenas a nossa luta, mas toda a luta destes 500 anos de opressão e violência contra o povo brasileiro. Precisamos conversar sobre isso e discutir com o resto dos nossos parentes." Teodoro Alves Tupã (liderança Guarani, São Miguel do Iguaçu / PR)
Um espectro ronda as oligarquias agrárias brasileiras: o espectro do movimento indígena. Isso ficou nítido, por exemplo, na virada do ano de 2003, o Brasil foi surpreendido pela violenta luta pela homologação da Área Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima; pelas ocupações das 14 fazendas pelos índios Kaiowá no Mato Grosso do Sul; e pelas retomadas de sítios arqueológicos pelos guarani-ñandeva no oeste do Paraná. E, como já se disse que nenhum raio cai de um céu azul, é necessário que nos debrucemos com mais profundidade sobre este fenômeno que, se não é recente, é fundamental que seja estudado e compreendido com mais detalhamento.
Historicamente os povos indígenas sempre reagiram à violação e à conquista de seus territórios tradicionais; e estas respostas variavam de acordo com o desafio imposto pelos distintos momentos da expansão capitalista, inicialmente européia e, mais tarde, condicionada à formação econômica brasileira. Os confrontos com as frentes civilizatórias se davam ora através da guerra cruenta e aberta, ora através de guerra de guerrilhas, ou mesmo recorrendo à miserável subserviência calculada ao suicídio coletivo. A resistência destes grupos era determinada tanto pela especificidade da frente de expansão quanto pela lógica cultural do povo que a sustentava. Isto é, eram lutas pontuais e isoladas, de acordo com os desafios imediatos e limitando-se à circunscrição do seu território original.
Em 1910, com o intuito de mediar esta relação entre o capital e os povos indígenas,