Fichamento de Por dentro de um fazer poético: motivação e arte em museu de tudo
MESTRADO EM LITERATURA E INTERCULTURALIDADE
DISCIPLINA: LITERATURA E PSICANÁLISE
PROFESSORA: ROSÂNGELA QUEIROZ
MESTRANDO: RODRIGO FISCHER
QUEIROZ, Rosângela. Por Dentro de um Fazer Poético: Motivação e Arte em Museu de Tudo, de João Cabral de Melo Neto. In: Estudos Literários e Socioculturais. Rosângela Queiroz (Org.) – Campina Grande: EDUEP, 2006.
Em Por Dentro de um Fazer Poético, Rosângela Queiroz investiga o processo de criação de João Cabral de Melo Neto à luz do discurso psicanalítico. Tarefa no mínimo ‘espinhosa’ como indica a autora, posto que João Cabral seja um poeta que injeta graus de objetividade num discurso que se infla de subjetividade por “questionar as reais possibilidades de trazer ao nível do significante o ‘mundo justo’ da forma perfeita”. Para tanto, Queiroz destaca a importância da relação existente entre a melancolia e a criação artística. O sujeito melancólico, carente de sentidos, possui, segundo a autora, duas opções: desistir de procurar sentido ou ultrapassar a consciência da dor. Recorrendo a Kristeva, Queiroz indica que a sublimação talvez seja a arma mais comum para suprir a dor da falta. A mania do fazer surge, então, como salvador imediato. Inútil, porque não supera a perda; indispensável, porque lhe suaviza a dor. O primeiro poema analisado é “O artista inconfessável” do livro Museu de Tudo (1994, p.384). Nele, Queiroz destaca o conflito exposto pelo eu-subjetivo de dentro da circularidade de redemoinho própria do raciocínio melancólico. Instala-se na reflexão cabralina o fazer e não-fazer resumido pela autora da seguinte forma: tem-se, então o fazer (o inútil) – sabendo (que é inútil) – e bem sabendo (que é inútil) – fazer. Queiroz encontra no poema de Cabral dois giros de um círculo: o primeiro revela uma postura melancólica; o segundo, pelo contrário, expõe a dinâmica da mania. Fazer é fazer, embora inútil. O poeta faz, bem sabendo a natureza de o seu fazer, e, assim, evidencia a