FICHAMENTO Como se faz uma tese- Humberto Eco
— Pode fazer-se uma tese digna mesmo que se esteja numa situação difícil, conseqüência de discriminações remotas ou recentes;
— Pode aproveitar-se a ocasião da tese (mesmo se o resto do curso universitário foi decepcionante ou frustrante) para recuperar o sentido positivo e progressivo do estudo, não entendido como recolha de noções, mas como elaboração crítica de uma experiência, como aquisição de uma competência (boa para a vida futura) para identificar os problemas, encará-los com método e expô-los segundo certas técnicas de comunicação” (P. 24). “Trata-se apenas de uma série de considerações sobre como conseguir apresentar a um júri um objecto físico, prescrito pela lei, e composto de um certo número de páginas dactilografadas, que se supõe ter qualquer relação com a disciplina da licenciatura e que não mergulhe o orientador num estado de dolorosa estupefacção” (p. 25). I – O QUE É UMA TESE E PARA QUE SERVE 1. Por que se deve fazer uma tese e o que é? “Uma tese é um trabalho dactilografado, de grandeza media, variável entre as cem e as quatrocentas páginas, em que o estudante trata um problema respeitante à área de estudos em que se quer formar” (p. 27). “Numa lese de compilação, o estudante demonstra simplesmente ter examinado criticamente a maior parte da ‘literatura’ existente (ou seja. os trabalhos publicados sobre o assunto) e ter sido capaz de expô-la de modo claro, procurando relacionar os vários pontos de vista, oferecendo assim uma inteligente panorâmica, provavelmente útil do ponto de vista informativo mesmo para um especialista do ramo, que, sobre aquele problema particular, jamais tenha efectuado estudos aprofundados” (p. 29). “Eis, pois. uma primeira advertência: pode fazer-se uma tese de compilação ou uma lese de