Ficha de leitura
Artigo proposto: BRANCO, Maria João, “1210”, in Portugal anos 10. De 1210 a 2010 – Nove retractos de Portugal, 1ª edição, Lisboa, Texto, 2010, pp. 13-40
Autora: Maria João Branco é professora auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL, sendo licenciada em Historia desde 1983 e doutorada em Historia Medieval pela Universidade Aberta desde 2000.
Texto: Este texto está inserido na obra: Portugal anos 10. De 1210 a 2010 – Nove retractos de Portugal
Contextualização:
O texto começa por fazer uma caracterização do ano de 1210.
Nos anos anteriores o reino tinha sido assolado por todo o tipo de problemas: temporais e outros fenómenos naturais, maus anos agrícolas, pestes, querelas entre clero, nobreza e rei. Para os cronistas de então, membros do clero, havia uma relação direta entre os fenómenos naturais que afetavam o reino e os fenómenos políticos e sociais. Para o historiador atual, a “grave crise e agitação em todos os sectores da sociedade” (p.15) “generalizada instabilidade, insegurança e angústia a todos os níveis da vida dos Homens" (p.15) foi uma realidade que se foi instalando progressivamente no reino de Portugal. Em Dezembro de 1210, após o testamento régio de D. Sancho I datado de Outubro, e da sua adenda de Dezembro, em que designava como sucessor D. Afonso II, a situação política parecia finalmente propicia à paz após o clima de guerra civil que existia desde Maio de 1209 e à resolução da mais grave crise que o reino atravessara desde a sua fundação. No início de 1211, com a morte de D. Sancho I a crise foi-se progressivamente agravando. O ano de 1210 não pode ser considerado um marco neste processo mas sim “um ponto de chegada e um ponto de partida” (p.15), em que os 10 anos anteriores e os 10 anos posteriores foram fundamentais para o futuro do Reino. A autora tem, na minha perspetiva, o objetivo de dar a conhecer, a forma como se foi construiu a nacionalidade portuguesa, dando enfase às