Ficamento - Nicolau Maquiavel: O cidadão sem fortuna

SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: O cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù.
In: WEFFORT, Francisco. Os Clássicos da Política. São Paulo: Ática, 1995. p 13-24.

Primeiramente o autor começa mostrando a visão vulgar do que é “maquiavélico” e “maquiavelismo”, são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na falta do dia-a-dia. O maquiavelismo está associado à idéia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. (p. 13)
O “antimaquiavelismo” tornou-se mais forte do que Maquiavel. É um mito que sobrevive independente do conhecimento do autor ou da obra onde teve origem. A contraface da versão expressa no “autor maldito”, responsabilizado por massacres e por toda sorte sordidez. (p. 14)
Ora apresentado como mestre da maldade, ora como conselheiro que alerta os dominados contra tirania, quem era este homem capaz de provocar tanto ódio, mas também tanto amor? Que idéias elaborou que o tornam o mais citado entre os pensadores políticos, a ponto de suscitar as mais dispares interpretações, e de sair das páginas dos livros eruditos para ocupar um lugar na fala mais vulgar? (p. 14)
Chamando de “Desventuras de um Florentino” o autor fala sobre a vida de Maquiavel e sua relação com a política na Itália. Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1496, numa Itália “esplendorosa, mas infeliz”, no dizer do historiador Garin. A península era constituída por uma série de pequenos Estados, com regimes políticos, desenvolvimento econômico e cultura variada. (p. 14)
São citados os conflitos políticos da época, devido a uma desordem e instabilidade descontrolada. As dissensões internas e entre regiões somaram-se as invasões das poderosas nações vizinhas, França e Espanha. Nicolau, com apenas 12 anos, já redigia no melhor estilo em latim, dominando a retórica greco-romana. Apenas em 1498, quando já tinha 29 anos, tem-se a primeira notícia de Nicolau exercendo um cargo de destaque na vida pública. Neste ano,