feudalismo
Ao nosso muito querido amigo, o glorioso conde Hatton, Eginhardo, saudação eterna no Senhor.
Um dos vossos servos, de nome Huno, veio à igreja dos santos mártires Marcelino e Pedro pedir mercê (desculpa) pela falta que cometeu contraindo casamento, sem o vosso consentimento, com uma mulher de sua condição que também é serva. Vimos pois solicitar a sua bondade para que, em nosso favor, useis de indulgência em relação a este homem, se julgais que a sua falta pode ser perdoada. Desejo-vos boa saúde com a graça no Senhor.
A sociedade feudal
A sociedade dos fiéis forma um só corpo; mas o Estado tem três corpos: com efeito, os nobres e os servos não se regem pelo mesmo estatuto [...] uns são os guerreiros, protetores das Igrejas; são os defensores do povo, tanto dos grandes como dos pequenos, de todos, enfim, e ao mesmo tempo garantem também a sua própria segurança. A outra classe é a dos servos: esta desgraçada raça nada possui senão à custa de sofrimento. Quem, de ábaco na mão, poderia contar os cuidados que absorvem os servos, as suas longas caminhadas, os seus duros trabalhos? Dinheiro, vestuário, alimento, tudo os servos fornecem a toda a gente; nem um só homem livre poderia subsistir sem os servos. Há algum trabalho a realizar? Alguém pretende meter-se em despesas? Vemos os reis e os prelados fazer-se servos dos seus servos; o senhor é alimentado pelo servo, ele, que pretende alimentá-lo. E o servo não vê fim para as suas lágrimas e suspiros.
A casa de Deus, que cremos ser uma, está, pois, dividida em três: uns oram, outros combatem, e outros, enfim, trabalham. Estas três partes que coexistem não sofrem com a sua disjunção; os serviços prestados por uma das partes são a condição da obra das outras duas; e cada uma, por sua vez, se encarrega de aliviar o todo. De modo que esta tripla associação nem por isso é menos unida, e é assim que a lei tem podido triunfar e que o mundo tem podido gozar de paz.
Feudalismo foi a forma