Ferro. emoçoes relatos transformações
Faço agora uma breve menção a Ferro que, baseado nestas idéias de Bion e não abrindo mão das contribuições de Freud e Klein, desenvolveu uma maneira bastante interessante de trabalhar.
A partir dos desenvolvimentos de Bion, Ferro (1997/1998) se detém principalmente na investigação dos processos mentais atuantes na dupla durante o seu encontro, no momento vivo da análise, tendo como foco os movimentos de aproximação e afastamento da dupla diante daquilo que a experiência emocional atual propõe. Para tanto, o material e as comunicações do paciente são basicamente compreendidos como referências ao campo relacional, expressando a maneira particular em que ele percebe estes movimentos de aproximação e afastamento do analista. Para Ferro, o que importa na análise, então, é antes de tudo a operação afetivo-emocional que se realiza entre analista e analisando, pois é a relação mesmo que trará a possibilidade de se pensar os pensamentos, de se construir a narrativa necessária. O foco não está no conteúdo das associações a ser compreendido e interpretado, mas antes de tudo na possibilidade de criar um campo, uma relação que abrigue pensamentos e possibilite associações.
Ferro tem uma postura que me parece interessante, pois apresenta sua maneira de trabalhar como um vértice possível, apoiado nas contribuições de Bion, e que se complementa e está em relação com o vértice da História (Freud) e do Mundo Interno (Klein). Existe para Ferro uma oscilação entre as noções de transferência, conforme entendida pelo vértice da História (Freud) ou do Mundo Interno (Klein), com o da reescrita dos fatos emocionais, feita pelas duas mentes, conforme ocorre no vértice da Relação. Na medida em que a narrativa é tecida pelo par analista-analisando, e que através dela a experiência emocional em andamento produz elementos alfa e sentidos, ela contribuirá para a formação do aparelho para pensar. Assim, esta narrativa estará relacionada com o mundo interno e com