O enfrentamento da violência contra a mulher: um resgate da auto-estima
Adriano Ricken Barone* & Cristina Vilela de Carvalho**
Resumo
Este artigo aborda a violência contra a mulher seguindo um referencial psicanalítico.
Analisa aspectos de uma psicoterapia realizada no contexto de estágio clínico supervisionado do 5º ano do curso de Psicologia de uma universidade pública. Trata especificamente dos sintomas que uma paciente de 41 anos apresenta ao longo das sessões e do desenvolvimento de seu processo psicoterápico, com a ampliação de aspectos como a independência e a conquista da auto-estima, muito prejudicados pelo relacionamento da paciente com o marido, que cometia atos de violência física e psicológica contra ela e os filhos do casal. O método utilizado foi o estudo de caso na perspectiva clínica, observando, a partir de vinhetas, as manifestações dos conflitos e o seu trabalho na relação terapêutica.
Em um referencial psicanalítico bioniano, ressalta-se que o terapeuta deve buscar propiciar o crescimento mental do paciente, visando a que este desenvolva suas capacidades psíquicas de pensar, conhecer, discriminar e verbalizar.
Palavras-chave: violência; mulher; psicanálise.
1. Introdução
A violência contra a mulher constitui um tema em destaque no contexto da sociedade brasileira, pois diariamente mulheres sofrem violência doméstica de caráter físico e psicológico. Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo
(2001), aproximadamente 19% das brasileiras já sofreram algum tipo de violência por parte de homens. Nesse estudo, 33% das mulheres entrevistadas admitiram já ter sido vítimas de alguma forma de violência física e 27% declararam ter sofrido violências psíquicas. Destas, 12% por ameaça de espancamento a si e aos filhos e 12% pela vivência de desrespeito e desqualificação constantes de seu trabalho, dentro ou fora de casa.
Ademais, 18% das mulheres com filhos relataram críticas sistemáticas à sua atuação