Fernando Pessoa
(Módulo 9)
No início do poema já se encontra se mostra a fragmentação do ‘’eu’’, um fracionamento do mesmo, sem vínculos e sem preocupações. Percebemos desde já que este poema significa uma busca imensa pela liberdade.
‘’Por alma de não ter raízes’’ remete para a ideia de viver, unicamente, ou seja, sem preocupações.
‘’De viver de ver somente!’’, esta frase revela a busca de experiências, porque não basta somente a observação, tem que existir também experiência.
O sujeito poético procura o seu verdadeiro ‘’eu’’ que é sempre ‘’outro’’, ou seja, mais um sinal de fragmentação do ‘’eu’’ (heterónimos de Fernando Pessoa).
O ‘’eu’’ neste poema significa que o sujeito poético não está ‘’agarrado’’ a ninguém, nem a si mesmo, acabando por ser uma pessoa muito solitária.
A palavra ‘’viajar’’ neste poema não significa conhecer outros países, o sujeito poético procura viajar em si mesmo para encontrar o seu verdadeiro ‘’eu’’, conhecer-se a si mesmo.
‘’Não pertence nem a mim
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim
E a ânsia de o conseguir’’
Ao ‘’viajar’’ anula a sua própria individualidade, ocorrendo assim a despersonalização (perda de identidade) do sujeito.
A angústia da separação entre o sonho e a realidade, e a enfermidade da vida (‘’O resto é só terra e céu’’), é uma antítese que revela este contraste gritante entre o sonho e a realidade.
Para o sujeito poético a liberdade que está oculta neste poema , não passa de um mero sonho.
‘’Mas que o sonho da passagem’’, revela a desilusão, a angústia e a perda de esperança.
Análise Estilística
Na frase ‘’De viver de ver somente’’ está presente uma aliteração da consoante ‘’v’’ e transmite-nos a ideia de liberdade através da sugestão do som do vento.
‘’Por alma não ter raízes”- trata-se de uma metáfora – significa não ter “amarras” a ninguém, nem a si mesmo, mostrando a solidão em que se encontra o sujeito.
O poema é composto por 3